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Tique Taque

Quando fiz esta playlist estava a começar a ter uma certa saudade da sensação de andar pelas ruas de Lisboa, a luz que nos bate na retina e aquece o coração, o cheiro a maresia na hora de maré cheia, o trafego semi-endiabrado que para mim, sempre na minha Vespa, significa alguém a tentar atropelar-me pelo menos 3 vezes por dia…

É uma selecção freestyle, que vai da música electrónica e platónica grega dos oitentas ao funk desbragado que é feito agora na Estonia, que passa num piscar de olhos da actual nova disco francesa para o ancião experimentalismo são-franciscano da Bay Area. Novo e velho. Obtuso, esdrúxulo e agudo como tudo o que eu gostava de ter ouvido lá nos finais de 1978 quando fui a primeira vez ao Browns, ali por trás da Avenida de Roma. Tudo o que se calhar acabei por ouvir um ano e tal mais tarde no minúsculo Yes na Padre Manuel da Nóbrega, ali a uns meros 10 minutos a pé em direcção ao sul atravessando a linha do comboio da Linha da Cintura na actual estação Roma / Areeiro.

É que esta M4we foi feita a pensar nesse lado da cidade, edifícios que não arranham os céus, tão horizontais como verticais, Avenidas Novas, pessoas “do antigamente”, os fins de tarde que mais tarde serviriam para ponto de encontro no Vavá a caminho dos ensaios dos Heróis, sessões da meia noite no Quarteto (deu para ver 16 vezes o Escape from New York do Carpenter), o Paulinho e a Silvia, o Luis e a Lena, casais maravilha que já não existem, o gelado de nata da Conchanata, aqueles últimos concertos no grandioso cinema Alvalade projectado por Lima Franco e Filipe de Figueiredo.

Não é uma viagem nostálgica, é a certeza de uma modernidade que se foi desenhando em Lisboa e à qual eu não só assisti como na qual existi, pela qual insisti. É também uma caminhada do Tique Taque até ao Tico-Tico e o vaguear por outras partes incertas que nenhum GPs sabe localizar.

Essa cidade já era, a que temos agora é outra, mais renovada mas também mais precária de fábulas e rábulas que nos façam sonhar. Fernando Pessoa, esse deambulador-mor disse que “o homem é do tamanho do seu sonho”. Mal ele sabia o quão sapiente isso soa hoje…

Tenham um fim de semana sem fronteiras nem barreiras

#staysafe #musicfortheweekend

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When I made this playlist, I was starting to miss the feeling of walking through the streets of Lisboa, the light that hits the retina and warms the heart, the smell of the river at high tide, that semi-demonic traffic that to me, always riding my Vespa, means someone trying to run me over at least 3 times a day…

It is a freestyle selection, ranging from platonic Greek electronic music of the eighties to the funk being made right now in Estonia, choices that move in the blink of an eye from the current new French disco to any kind of ancient Frisco experimentalism produced in the Bay Area. New and old. Obtuse, odd, sometimes sharp, like anyything I would have liked to have heard in late 1978 when I first went to Browns, behind Avenida de Roma. Maybe like everything that I ended up listening to a year or so later in that tiny Yes club in Padre Manuel da Nóbrega, a mere 10 minutes southbound stroll if you crossed the Linha da Cintura train line at the current Roma / Areeiro station .

All this because this M4we was made thinking geographically about that side of our capital, buildings that do not scrape the skies, that are so horizontal as vertical, New Avenues filled with people “of yore”, those late afternoon rendez-vous at Vavá on the way to Heróis rehearsals, midnight rerun sessions at Quarteto cinema (where I ended watching Carpenter’s Escape from New York around 16 times), Paulinho and Silvia, Luis and Lena, wonder couples that no longer exist, the ice cream from Conchanata, those last concerts in the grand Alvalade projected by Lima Franco and Filipe de Figueiredo.

This is not a nostalgic trip, it is the certainty of a modernity that was being drawn in Lisboa which I have not only watched but in which I existed, for which I insisted. It is also a hike from Tique Taque to Tico-Tico, roaming through other uncertain sites that no GPs knows how to locate.

That city is gone, other is the one we have now, more renewed but also more precarious of tales and fables that rock us into reverie. Our master-rambler Fernando Pessoa said that “a man is the size of his dream”. Little did he know how true that sounds…

This weekend feel no borders or barriers

#staysafe #musicfortheweekend

Sun Ra & The Nu Sounds – At a Perfume Counter

The Orb – Doughnuts Forever

Studio Barnhus & Bella Boo – boyboy

Lovebirds – Icarus

Eddie C – Atlantic Jam

Lena Platonos – Bloody Shadows from Afar

JKriv & Free Magic – Emmanuel

Orlando Voorn – What I Do

David Byrne & Caetano Veloso – Dreamworld

Pete Le Freq – Puddin’ And Pie

KS French – Need You

Junior Mendes – Rio Sinal Verde

Alfredo De La Fé – Hot To Trot (7″ Edit By Mr K)

Soulphiction – Slow Glow

SFV ACID – Pegoo

Banbarra – Shack Up (Danny Goliger Edit)

Lexsoul Dancemachine – Lexico

The Mekanism – Beach House

KNG Edits – Roma My Way

That Needs An Edit – G’night T’night

Abel Pons – Funk Off

The Younger Generation – We Rap More Mellow (Joey Negro Remix)

Reel People with Anthony David – Keep It Up

Ray Barretto – Power

Alien Disco Sugar – Nipple

Dr. Packer – Gimmie Some Lovin’

Maxwell – Radiation Funk

The Third Degree – Mercy (Smoove Remix)

Aroop Roy – Todo Mundo Tem Amor

Ladybird & Art Of Tones – Loveletter

Joe Bataan – Latin Strut

Emilie Nana – The Reign of Obsolete Technology (Simbad Dub)

Cheryl Lynn – Got To Be Real (Get Down Edits Quick Fix)

Leroy Burgess & Saving Coco – Work It Out (Dub)

Shakatak – Down On The Street (12” Mix)

The Salsoul Orchestra – Ooh I Love It (Love Break) (Moplen Remix)

The Residents – Perfect Love

America – Muskrat Love (T2mm edit)

Rich Medina – The Sickness

The Beatles – Mean Mr Mustard

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