#045

Naming Day in Eden Pt01 (A – J)

Decerto numa car boot sale, mas em parte incerta dos anos que vivi no Reino Unido, um dia descobri um livro sobre nomes e que inspirou o conceito da pesquisa musical destas próximas duas semanas. O titulo desse livro, Naming Day in Eden, serviu para nomear uma escolha de 80 músicas das quais apresento aqui a primeira parte.

O acto de usar nomes pessoais em canções é coisa constante na pop. A clássica também o fazia. Se pensarmos bem no assunto todos os espectros musicais almejam um dog tag numa composição ou outra. Mas é a pop como sempre que leva a taça.

Uma rápida pesquisa só por nomes femininos usados por dois dos maiores conjuntos do século XX dá logo uma imagem mais vasta do que estou para aqui a escrever.

Lady Madonna, Dizzy Miss Lizzy, Polythene Pam, Carol, Sexy Sadie, Eleanor Rigby, Lucille, Maggie Mae, Martha My Dear, Long Tall Sally, Julia, Clarabella, Lovely Rita, Michelle, What’s The New Mary Jane, Lucy In The Sky With Diamonds, Anna (Go To Him) e Dear Prudence. Acho que não me esqueci de nenhuma, estas são as dos Beatles.

Angie, Beautiful Delilah, Carol, Claudine, Corinna, Downtown Suzie, Lady Jane, Linda Lu, Miss Amanda Jones, Mona (I Need you Baby) e Susie Q. E estas as gravadas pelos Rolling Stones, a banda de Some Girls que apesar de ainda continuar no activo perde para os seus rivais que os batem em canções com nomes de miúdas: 18 a 11, ufa, grande cabazada.

O panteão da pop é Olimpo ou Valhalla onde alguém tem o Excel avariado, a submissão de John (e o diminutivo Johnny) na base de dados é coisa que não acaba. Talvez por essa mesma razão acabei por ter que separar esta selecção em duas partes com charneira na letra J. E assim esta semana ainda teve direito à Josephine, de Chris Rea em modo french edit, Audrey Arno que noutros tempos, ainda sem imposições de curfew, cantava num “sambita franciú” sobre Quand Jean-Paul rentrera. Ou Jennifer pelos germânicos Faust, amiga com certeza da Jolene da Miss Parton em cantoria uníssona na Ballade de Johnny Jane escrita por Serge Gainsbourg para interpretação por Jane Birkin.

Por vezes os nomes vão-se engatilhando, em “filinha pirilau”, quase sempre para deleite das senhoras: Angela Jones, o único hit da carreira do radialista Johnny Ferguson pega logo de seguida com Sarah Vaughan a cantar Have You Met Miss Jones, um clássico da dupla Rodgers & Hart escrito para a sátira politico-musical I’d Rather Be Right estreada na Broadway em 1937.

Um pouco mais à frente, dobramos uma esquina e damos com três Ginas, a tocar concertina e a dançar o sol-e-dó: Kid Creole e as suas Coconuts com Gina, Gina, Lu Colombo & o “swingteto” de Maurizio Geri simplificando a coisa com Gina e o Conjunto Joao Paulo dedicando-se A uma Gina, com o Sérgio Borges a mostrar que em 1970 já se encontrava na vanguarda da temática que escolhi para a m4we desta semana…

“Gina, lê o jornal 

Aposta, o monstro Loch Ness

Não faz mal

E diz a Jane Birkin é bestial

Gina, um sorriso é tudo 

Carro, quarto

Até o amanhã

Lhe não parece escuro

Gina, Ok, olá

Gina, modelo de vitrine

E mãos de king size

Gina por vezes pensa

Nas noites do Ad Lib

E promete mudar

Gina, vem comigo 

Escolhe, escolhe

Entre o mundo e a vida

E o amor de um amigo

Que te quer amar”

Escolher nomes para os bebés deste jardim tanto é pêra doce como também é flor que se cheira a custo, como por exemplo Caroline, gravada em 1976 por Konrad Plaickner e Mike Frajira-Mösender quando se libertaram do sufixo Formation da nomenclatura Free Fantasy com que faziam coisas boas fora do circuito “pimba” europeu (polka-disco-rumba-chachacha). Canção maravilhosa que descobri graças ao colectivo Psychemagik e onde não se diz uma única vez o nome da dita cuja. Note-se que deixei uma outra deste calibre para a continuação da próxima semana.

Entrando na recta da chegada, uma Anna Lee cantada em 1962 pelo rei da slide guitar Elmore James foi substituída por uma das primeiras grandes investidas nacionais no stadium-rock, um “dragão perfumado, tigre de papel” Ana Lee dos GNR de Reininho, Romão e César Machado. Já quase a chegar à meta fiz umas mudanças de ultima hora para poder albergar Eleanora de um 12” editado em 2017 por JKriv & Free Magic na Razor N Tape. As duas outras músicas desse maxi-single chamam-se Eunice e Emmanuel… Tudo isso para cruzar a linha com uma canção de Chuck Berry, já mencionada mais atrás porque foi gravada pelos Stones: Beautiful Delilah, desta vez na versão dos The Count Bishops gravada em Speedball, EP de estreia em 1975.

Delilahs há muitas seu palerma. Mas esta, senhores e senhoras, é mesmo sem igual.

“Don’t let your girlfriend cut your hair!” 

Stephen Colbert

#staysafe #musicfortheweekend

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Certainly in a car boot sale, but in part uncertain of the years I lived in the UK, one day I discovered a book about names and that inspired the concept of the musical research of these next two weeks. The title of this book, Naming Day in Eden, served to name a choice of 80 songs of which I present here the first part.

The act of using names in songs is a constant and old thing in pop. Classical also did the same. Well, If we think about it, all musical spectrums crave to attach a dog tag in one composition or another. But it is pop as always that wins the cup.

A quick search only for female names used by two of the greatest pop bands of the 20th century immediately paints a broader picture of what I am writing about here.

Lady Madonna, Dizzy Miss Lizzy, Polythene Pam, Carol, Sexy Sadie, Eleanor Rigby, Lucille, Maggie Mae, Martha My Dear, Long Tall Sally, Julia, Clarabella, Lovely Rita, Michelle, What’s The New Mary Jane, Lucy In The Sky With Diamonds, Anna (Go To Him) and Dear Prudence. I don’t think I forgot any, these are all by The Beatles.

Angie, Beautiful Delilah, Carol, Claudine, Corinna, Downtown Suzie, Lady Jane, Linda Lu, Miss Amanda Jones, Mona (I Need you Baby) and Susie Q. And these were all recorded by the Rolling Stones, the Some Girls band that despite of still being active loses to their rivals in songs with girl names: 18 to 11, phew, what a score.

The pantheon of pop is like an Olympus or Valhalla where someone had a damaged pirated copy of Excel, the submission of John (and the diminutive Johnny) in the database is something that seems to never end. Maybe for that same reason I ended up having to separate this selection into two parts with a hinge on the letter J. And so this week still had the right to host a Josephine by Chris Rea in french edit mode, Audrey Arno who, in other times still without curfew impositions, sang a “french little samba” about Quand Jean-Paul rentrera. Or Jennifer by german band Faust, surely a friend of Miss Parton’s Jolene in a hand-in-hand singing of Johnny Jane’s Ballade written by Serge Gainsbourg for interpretation by Jane Birkin.

Sometimes names are arranged in a neat line, queue or “indian file”: Angela Jones, the only hit of broadcaster Johnny Ferguson’s career links right away with Sarah Vaughan singing Have You Met Miss Jones, a classic by Rodgers & Hart written for the political-musical satire I’d Rather Be Right premiered on Broadway in 1937.

A little further on, we turn a corner and find three Ginas, playing concertina and dancing the sol-e-dó: Kid Creole and his Coconuts with Gina, Gina, Lu Colombo & Maurizio Geri’s “swingteto” simplifying the thing with Gina and Conjunto Joao Paulo dedicating themselves A uma Gina, with Sérgio Borges showing that in 1970 he was already at the forefront of the theme that I chose for this week’s m4we…

“Gina, lê o jornal 

Aposta, o monstro Loch Ness

Não faz mal

E diz a Jane Birkin é bestial

Gina, um sorriso é tudo 

Carro, quarto

Até o amanhã

Lhe não parece escuro

Gina, Ok, olá

Gina, modelo de vitrine

E mãos de king size

Gina por vezes pensa

Nas noites do Ad Lib

E promete mudar

Gina, vem comigo 

Escolhe, escolhe

Entre o mundo e a vida

E o amor de um amigo

Que te quer amar”

Choosing names for the babies in this garden is both like a trying to caress a prickly pear or smell a daisy such as Caroline, recorded in 1976 by Konrad Plaickner and Mike Frajira-Mösender when they freed themselves from the suffix Formation of the Free Fantasy nomenclature with which they made amazing things outside of the “euro trash” circuit (polka-disco-rumba-chachacha). A wonderful song that I discovered thanks to the collective Psychemagik and where the name of said woman isn’t mentioned, not even once. Note that I left another one of this caliber for next week’s follow up.

Entering the finish line, an Anna Lee sung in 1962 by king of slide guitar Elmore James was replaced by one of the first major national investments on stadium-rock, a “scented dragon, paper tiger” Ana Lee from Reininho, Romão and César Machado’s GNR. About to reach my final goal, I made some last minute changes to be able to accommodate Eleanora, taken from a 12” published in 2017 by JKriv & Free Magic on Razor N Tape. The two other songs on this maxi-single are called Eunice and Emmanuel… All this to cross the line with a Chuck Berry song, already mentioned above because it was recorded by the Stones: Beautiful Delilah, this time in a version recorded by The Count Bishops in 1975 in their debut Speedball EP.

Delilahs by the dozen, my poor suckers. But this one, ladies and gentlemen, is exceptionally unique.

“Don’t let your girlfriend cut your hair!” 

Stephen Colbert

#staysafe #musicfortheweekend

Khruangbin – Dearest Alfred

Aretha Franklin – Eleanor Rigby

Chris Rea – Josephine (French Edit)

Johnny Ferguson – Angela Jones

Sarah Vaughan – Have You Met Miss Jones

Free Fantasy ‎–  Caroline

Audrey Arno – Quand Jean-Paul rentrera

Kid Creole & The Coconuts – Gina, Gina

Lu Colombo & Maurizio Geri Swingtet – Gina

Sergio Borges e o Conjunto João Paulo – A uma Gina

David Bowie – John, I’m Only Dancing (Again)

Connie Francis – Oh, Frankie

Monty Python – Bruces’ Philosophers Song

Faust – Jennifer

John Cooper Clarke & Hugh Cornwell – Donna

Dolly Parton – Jolene

Neal Francis – Lauren

Johnny Crawford – Cindy’s Birthday

John Holt – Mr. Bojangles

Misia – La Chanson D’Helene feat. Iggy Pop

Mousse T. – Johnny Come Home feat. Fine Young Cannibals

Robert Mitchum – Jean and Dinah

Sonora Casino – Bobby

Paul Anka – Diana

Sevdaliza – Grace

Suicide – Johnny

Joni Mitchell – Edith and the Kingpin

George Jackson – Aretha, sing one for me

Serge Gainsbourg – Elisa

The Spirit Of Israel & Soul Messengers – Daniel

GNR – Ana Lee

Steve Arlen – They Took John Away

Curtis Mayfield – Billy Jack

Jane Birkin – Ballade de Johnny Jane

Brian Eno – Cindy Tells Me

Bobby Sherman – Julie, Do Ya Love Me

Hiroshi Satoh – Angelina

Otis Blackwell – My Josephine

JKriv & Free Magic – Eleanora

The Count Bishops – Beautiful Delilah

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