#050
Silly Season II
Milagres e Romarias
Faz-nos trilhar, Senhor, a estrada da mansidão. Ajuda-nos a contrariar a ferocidade do tempo, fora e dentro de nós. Que a tua paz seja a fonte secreta que tudo sustenta. Tudo provenha dessa paz sem vencidos nem vencedores. Dessa paz que acalma as ameaças e os cercos implacáveis. Dessa paz pronunciada ao mesmo tempo como firmeza e doçura. Dá-nos mansidão nas palavras que tão facilmente se tornam impermeáveis e nos propósitos que a competição empurra para uma agressividade sempre mais dura. Que cheguemos à mansidão das paisagens reconciliadas como pequenos cursos de água quase sem rumor, fazendo florir a terra.
Cardeal D. José Tolentino Mendonça
in Um Deus que dança: itinerários para a oração.
Nos anos 80 andei por essa estrada fora, num país onde celebrações e romarias (neste momento completamente proibidas) davam emprego à nossa arte de dar música aos outros. Ou era a apanha do tomate que criava um pico de riqueza com escape na vontade de festa rija, ora podia ser uma Nossa Senhora da Agonia (Viana do Castelo), ou dos Remédios (Lamego), feiras novas (Ponte de Lima) ou a antiga de São Mateus (Viseu), festas Sanjoaninas (Angra do Heroísmo) ou simplesmente de São João (Porto e muito do norte do país). Das Flores no Funchal ou cheias de flores como as Festas do Povo em Campo Maior. Vilas engalanadas, pessoas alegres e atestadas de um bom índice de folia. Assim se fez o rock e a pop em Portugal e foi receita que criou o circuito de espetáculos como ainda o conhecíamos há bem pouco tempo, antes destes tempos pandémicos.
À porta daquela igreja
Vai um grande corropio
Às voltas d’uma coisa velha
Reina grande confusão
Madredeus – A Vaca de Fogo
Lógicamente as celebrações eram causa dos espetáculos mas viriam sempre revelar consequências em futuras composições dos artistas. Musica sacra, punk, electronica, R&B, soul e gospel, a “inspiração divina” por vezes não advém só do alto, mas também dos lados, para um compositor com os pés assentes na terra e a cabeça bem erguida acabam por ser os pormenores mais mundanos mas não menos estranhos que elevam a sua escrita aos autos da originalidade.
“Soltaram uma vaca em chamas / Com um homem a guiar”… na verdade era mais do que um homem. Estas imagens contidas na canção de maior sucesso do primeiro disco dos Madredeus relatam um episódio vivido pelos Heróis do Mar em terras nortenhas onde duas aldeias despicavam lugar no pódio do regozijo popular. Dentro de uma carapaça de forma bovina três homens do vilarejo a sul “entravam”, carregados de fogo posto, pela festa logo ali mais a norte onde iriamos tocar.
Com certeza todos os músicos por esse mundo fora poderão atestar este jogo de causa e consequência, da percepção do mundano como desígnio do divino: Fairuz que ao cantar Dak Khilkeh só está desafiar o óbvio que é “vencer a Sua criação”; “Sinto a língua morta, o latim vai mudar”, nos trocadilhos de Reininho vemos uma Video Maria, morena, a “parecer latina… se é virgem ou não, depende da vossa fantasia”. Sem altar não há onde possas parar e rezar. E altares eram por isso os palcos onde fomos espalhando a palavra. Montados atabalhoadamente sobre estacas ou tractores, sem corrente a 220 volts contínuos, mas locais onde o culto foi crescendo.
“Please be stronger than your past / The future may still give you a chance” cantou George Michael em Cowboys and Angels, balada pop alva e sem mancha do album Listen Without Prejudice Vol. 1 gravado três anos depois do seu primeiro a solo, Faith.
Pleno de desígnio ecuménico e fervor panfletário as troupes saltimbancas continuariam as peregrinações bem arredadas de qualquer tipo de “highway to hell”, a A1 acabava poucos quilômetros depois de Lisboa, uma ida a Trás-os-Montes era coisa para termos de partir de véspera. Na N1 havia road stops obrigatórias como o grande Bigodes e Máquinas ou o arroz malandrinho do Manjar do Marquês quando ainda era um pequeno botequim numa bomba de gasolina. E para Sul, com a A2 a fazer portagem em Setúbal era obrigatório uma entrada em Alcácer do Sal com paragem para comprar um saco cheio daqueles pequenos camarões do Sado.
I told Jesus be alright if you change my name
If you change my name
Then he told me, he said the world will turn away from you child
If I change your name
Roberta Flack – I Told Jesus
Then he took his contradictions out
And he splashed them on my brow
So which words was I then to doubt
When choosing what to vow
Joni Mitchell – The Priest
E assim se passava o Verão, numa voltereta desenfreada, muita igreja visitada, quase todas elas de paróquia mais pobre que o sacristão que por lá andava. O fervor e a hospitalidade confundiam-se em terras onde pouca coisa era dote e atributo que se partilhava com os forasteiros que lá iam cantarolar a sua graça. Para o bem e para o mal assim foi o arraial que assentou a música popular no gosto das gentes que procuravam um pouco de diversão, num país que despontava então nesse novo sentido de liberdade adquirida. A cruz era a que trazíamos nós, a de Cristo e das palavras emblemáticas que cantávamos. Um Eden.
A procissão “já” vai no adro, se calhar é “de gatos e a menina da frente leva as sardinhas” para parafrasear Rosa Clement. É que eu ainda nem sequer mencionei as escolhas desta m4we. Começo esta semana com 3 Etudes; No. 2, Slowly, Almost Lost do disco Dark Matters: Carillon Music of Stephen Rush da carrilhonista Tiffany Ng. Tal qual o compositor em causa Tiffany também é professora na Universidade do Michigan e ambos percebem a vernacular similitude do carrilhão (conjunto de sinos) com a música electrónica: uma espécie de modulação tonal é comum aos dois, e nas mãos de uma excelente executante como Ng as combinações são infinitas e de resultado quasi-divino.
Por razões mais que óbvias escolhi muito gospel, seja sob forma mais disco sound, Praise the Lord dos Psalms ou mais soul como os magistrais All I Gave Him Was My Heart de D.J. Rogers ou He’s My Friend de Rahni Harris & Family Love. Angel Eyes do album Manifesto dos Roxy Music tinha de aparecer aqui. Assim como Son Of A Preacher Man na versão monofónica de Aretha Franklin. Alguns repetentes destas andanças: Benny Sings com Miracles, os Heróis do Mar com A Glória do Mundo, canção que um dia o Tiago (Guillul) Cavaco disse à boca cheia “devia ser ensinada na escola”. Daniel Reuss e os Cappella Amsterdam bisam também em presença, desta feita com Cantiones sacræ sex vocum Ad Dominum cum tribularer.
Destaque seja feito para Alice Coltrane com Yamuna Tira Vihari e o grande clássico acid de Josh Wink, Higher State Of Consciousness. Kirtan: Turiya Sings, disco da “madrinha” do jazz espiritual foi editado pela Impulse recentemente. Publicado originalmente em 1982 em cassete e só para ser ouvido por alunos do ashram foi re-descoberto em 2004 pelo filho Ravi Coltrane quando desencantou umas quantas gravações nunca antes ouvidas. É ele mesmo que produz o album e que assim o define: “your ear will be turned toward the sound of the blues, to gospel, to the Black American church, often combined with the Carnatic singing style of southern India. You will hear beautiful harmonies influenced by Coltrane’s Detroit/Motown roots, her bebop roots, John Coltrane’s impact and her absorption of European classical music, particularly that of her favorite: Igor Stravinsky. Yet, at the same time, this is functional music. Its purpose is, with light and love, to praise the names of the Supreme. On this album, your heart and spirit will be turned toward divine inspiration and appreciation.”
Quanto ao hino raver editado por Josh Wink a 27 de Março de 1995 posso só relembrar que o seu impacto está presente não apenas na miríade de subgêneros de música electrónica que veio na sua esteira, desde os later-era grimy anthems dos Prodigy até aos freak-outs de guitarra filtrada de Tom Morello. É quase um blueprint de utilização da TB 303 e para quem se lembre de estar numa rave nessa era de ouro, suado a dançar, sorrindo ao ouvir os inesquecíveis, inescapáveis seis minutos e tal da original Tweekin’ Acid Funk Mix que aqui vos deixo.
O próprio artista ficou surpreso com a resposta do público à música, explicando que “I didn’t expect such madness to come out of this release—gold records, national top tens, number ones. I guess it was perfect timing for the music scene to have a track come along and slap it in its face.”
Me disseram, porém
Que eu viesse aqui
Pra pedir de romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Renato Teixeira De Oliveira
Que o fim de semana vos traga inspiração. Nada mais faz falta.
#staysafe #musicfortheweekend
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Faz-nos trilhar, Senhor, a estrada da mansidão. Ajuda-nos a contrariar a ferocidade do tempo, fora e dentro de nós. Que a tua paz seja a fonte secreta que tudo sustenta. Tudo provenha dessa paz sem vencidos nem vencedores. Dessa paz que acalma as ameaças e os cercos implacáveis. Dessa paz pronunciada ao mesmo tempo como firmeza e doçura. Dá-nos mansidão nas palavras que tão facilmente se tornam impermeáveis e nos propósitos que a competição empurra para uma agressividade sempre mais dura. Que cheguemos à mansidão das paisagens reconciliadas como pequenos cursos de água quase sem rumor, fazendo florir a terra.
Cardeal D. José Tolentino Mendonça
in Um Deus que dança: itinerários para a oração.
In the 80’s I criss crossed many roads, in a country where celebrations and pilgrimages (right now completely prohibited) gave employment to our art of “giving music”. It was either the picking of tomatoes that created a peak of wealth culminating in a party hard desire of scapism, it could very well be the Nossa Senhora da Agonia (Viana do Castelo), or of Remedies (Lamego), new fairs (Ponte de Lima) or the old one of São Mateus (Viseu), the Sanjoaninas (Angra do Heroísmo) or simply São João (Porto and much of the north of the country). Flores in Funchal or full of flowers like the Festas do Povo in Campo Maior. Spruced up villages, happy people filled with a good level of revelry. That’s how all rock and pop was made back then in Portugal and it was a recipe that created the circuit as we still knew it a short time ago, before these pandemic times.
À porta daquela igreja
Vai um grande corropio
Às voltas d’uma coisa velha
Reina grande confusão
Madredeus – A Vaca de Fogo
Of course, celebrations were the cause for these shows, but they would always reveal consequences in the artists’ future compositions. Sacred music, punk, electronica, R&B, soul and gospel, all “divine inspiration” sometimes comes not only from above, but also from the sides, for a composer with his feet on the ground and his head held high it’s the more mundane but no less strange details that elevate his writing into originality.
“They released a burning cow / With a man to lead”… well it was actually more than one man. These images contained in the most successful song on Madredeus’ first album relate to an episode lived by Heróis do Mar in northern lands where two villages took their place on the podium of popular rejoicing. Inside a bovine shell, three men from the village to the south “entered” the party further north where we were going to play with a load of pyrotechnics.
Certainly all musicians around the world will be able to attest to this game of cause and consequence, of a perception of the mundane as design of the divine: Fairuz who, by singing Dak Khilkeh, is only challenging the obvious that is “conquering His creation”; “I feel my dead tongue, the Latin will change”, in Reininho’s puns, we see a Video Maria, a Latina looking brunette… “if she’s a virgin or not, it depends on your fantasy”. Without an altar, there’s nowhere for you to stop and pray. And that’s why altars were the stages where we spread the word. Roughly mounted on beams, poles or tractors, without current at a necessary continuous 220 volts, but places where the cult grew.
“Please be stronger than your past / The future may still give you a chance” sang George Michael in Cowboys and Angels, an alb and spotless pop ballad from Listen Without Prejudice Vol. 1, album recorded three years after his first solo effort, Faith.
Full of ecumenical design and pamphleteering fervor, the mummer troupes would continue these pilgrimages away from any “highway to hell”, the A1 ended a few kms after Lisbon, a trip to Trás-os-Montes was something we had to leave the day before. On the N1 there were mandatory road stops such as Bigodes or Máquinas or the malandrinho rice at Manjar do Marquês when it was still a small shack at a gas station. And to the south, with the A2 toll in Setúbal, it was mandatory to enter Alcácer do Sal with a stop to buy a bag full of those small shrimps from Sado.
I told Jesus be alright if you change my name
If you change my name
Then he told me, he said the world will turn away from you child
If I change your name
Roberta Flack – I Told Jesus
Then he took his contradictions out
And he splashed them on my brow
So which words was I then to doubt
When choosing what to vow
Joni Mitchell – The Priest
And so the summer passed in an unrestrained whirl, many churches visited, almost all of them from a parish poorer than the sexton who spoke there. Fervor and hospitality were mixed in lands where little was a dowry and attribute shared with any stranger showing up to hum their grace. For better or for worse, it was like this that popular music got settled in the tastes of people looking for a little fun, in a country finally emerging into this new sense of acquired freedom. The cross was what we were carrying, that of Christ and of the emblematic words we sang. An Eden.
The procession is “already” in the forecourt, maybe it’s “of cats and the girl in front takes the sardines” to paraphrase Rosa Clement. It’s just that I haven’t yet mentioned the choices of this m4we… I start this week with 3 Etudes; No. 2, Slowly, Almost Lost from Dark Matters: Carillon Music of Stephen Rush by carillonist Tiffany Ng. Like the composer in question, Tiffany is also a professor at the University of Michigan and both perceive the vernacular similarity of the carillon (set of bells) with electronic music: a kind of tonal modulation is common to both, and in the hands of an excellent performer such as Ng the combinations are infinite and of quasi-divine result.
For more than obvious reasons I chose a lot of gospel, whether in a more disco sound form, Praise the Lord by the Psalms or more soul filled like the masterful All I Gave Him Was My Heart by D.J. Rogers or He’s My Friend by Rahni Harris & Family Love. Angel Eyes from Roxy Music’s Manifesto album had to be here. Just like Son Of A Preacher Man in Aretha Franklin’s monophonic version. Some unremitting artists featured in previous selections get to repeat: Benny Sings with Miracles, Heróis do Mar with A Gloria do Mundo, a song described one day by Tiago (Guillul) Cavaco as “something that should be taught at school”. Daniel Reuss and Cappella Amsterdam are also present, this time with Cantiones sacræ sex vocum Ad Dominum cum tribularer.
Two special highlights for Alice Coltrane with Yamuna Tira Vihari and Josh Wink’s great acid classic Higher State Of Consciousnes. Kirtan: Turiya Sings, album of the godmother of spiritual jazz was recently released by Impulse recently. Originally put on cassette in 1982 only to be listened to by ashram students, it was re-discovered in 2004 by son Ravi Coltrane when he disenchanted a few never-before-heard recordings. It is he himself who produces the album and defines it as such: “your ear will be turned toward the sound of the blues, to gospel, to the Black American church, often combined with the Carnatic singing style of southern India. You will hear beautiful harmonies influenced by Coltrane’s Detroit/Motown roots, her bebop roots, John Coltrane’s impact and her absorption of European classical music, particularly that of her favorite: Igor Stravinsky. Yet, at the same time, this is functional music. Its purpose is, with light and love, to praise the names of the Supreme. On this album, your heart and spirit will be turned toward divine inspiration and appreciation.”
As for the raver anthem published on March 27, 1995 I can only recall that its impact is present not only in the myriad of electronic music sub-genres that came in its wake, from the Prodigy’s later-era grimy anthems to the filtered guitar freak-outs by Tom Morello. It’s almost a blueprint for using the TB 303 and for anyone who remembers being at a rave in it’s golden age, sweating, dancing and smiling while listening to the unforgettable, inescapable six minutes and such of the original Tweekin’ Acid Funk Mix that I leave you here.
The artist himself was surprised by the audience’s response to the song, explaining that “I didn’t expect such madness to come out of this release—gold records, national top tens, number ones. I guess it was perfect timing for the music scene to have a track come along and slap it in its face.”
Me disseram, porém
Que eu viesse aqui
Pra pedir de romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Renato Teixeira De Oliveira
May the weekend bring you inspiration. Nothing else matters.
#staysafe #musicfortheweekend
Tiffany Ng – 3 Etudes; No. 2, Slowly, Almost Lost
Vinyl Williams – Sanctuary Spells
The Meat Purveyors – Like a Virgin
D.J. Rogers – All I Gave Him Was My Heart
Mario y Sus Diamantes – Santo Domingo
Roxy Music – Angel Eyes
Anne Kern – Oh! Seigneur, Écoute Ma Prière
Jay Caldwell & The Gospel Ambassadors – This Little Light of Mine
Joni Mitchell – The Priest (2021 Remaster)
Rahni Harris & Family Love – He’s My Friend
Patience – Moral Damage
Canzoniere Grecanico Salentino – Orfeo
KV5 feat. Nicky Taylor – Church Candles
GNR – Video Maria
Lady Dan – I Am the Prophet
Psalms – Praise the Lord
Fairuz – Dak Khilkeh
John Zorn – A Blessing of Tears feat. Bill Frisell, Julian Lage and Gyan Riley
George Michael – Cowboys And Angels
Roberta Flack – I Told Jesus (2020 Remaster)
Southside Johnny – Temptation
Aretha Franklin – Son of a Preacher Man
Sunshine Boys Quartet – Stop Now, It’s Praying Time
Heróis do Mar – A Glória Do Mundo
Benny Sings – Miracles feat. Peter Cottontale
Daymé Arocena – Ángel
Lambchop – The Last Benedict
Daniel Reuss & Cappella Amsterdam – Cantiones sacræ sex vocum: Ad Dominum cum tribularer
Jaubi – Zari
James Moore – As A Nation (David Hill Edit)
Alice Coltrane – Yamuna Tira Vihari
Heaven 17 – Geisha Boys and Temple Girls
Schneider TM – Light & Grace
Josh Wink – Higher State Of Consciousness (Tweekin’ Acid Funk Mix)
Juan Laya & Jorge Montiel – Semana Santa En Achaguas
Bobby Marchan – Meet Me In Church
Áine O’Dwyer – Dance! For the World Still Spins
Combo Chimbita – Al templo
Simone Dinnerstein – An American Mosaic; Prophets & Martyrs
Tommy T & Company – Anytime, Anyplace, Anywhere