#061

Ciganitas bonitas no Tik Tok da feira

Voltámos e já não era sem tempo. Decidi mudar e baralhar algumas das datas escalonadas para estas próximas M4wes para assim poder coincidir esta primeira com  o fim de semana em que começa o Leffest e onde está contido todo um sub-programa de filmes, debates e concertos dedicado à celebração da comunidade Roma e da sua cultura por toda a Europa.

Esta selecção já havia sido conceptualizada e pensada a partir do momento em que descobri a fascinante presença dos ciganos portugueses na plataforma Tik Tok. Descubram, vão ver que não se arrependem. Depois disso houve uma noite em que na Netflix vi o filme À Bras Ouverts de Philippe de Chauveron, que pode não servir de muito no sério diálogo a existir em França sobre a imigração, mas onde há uma cena em que Ary Abittan, que no filme desempenha o papel de Babik, quando comparado com um cigano afirma com convicção que é Rom, “cigano vestir camisa brilhante e pensar com castanhola”…

Tudo isto, uma mistura de ponto de partida pelo título (ao modo de Roger Corman) com a assertiva certeza de que música cigana não é de todo os Gypsy Kings que por aí se possa pensar. Uma playlist concebida com música dos Bálcãs mas também com fado e flamenco, Gipsy With A Song no “jazz cigano” françiu de Django Reinhardte o folk-punk Lower East Side dos Gogol Bordello aqui escolhidos com My Companjera.

Sabemos pelo estudo da linguística que os ciganos eram originalmente do centro-norte da Índia. Estima-se que sua migração tenha começado por volta de 300 aC, quando se mudaram para o noroeste indiano, de lá para a Pérsia onde chegaram “pouco tempo antes de 100 dC” e daí para a Europa.

Razões para a migração original são pura conjectura. Mas as perseguições, por outro lado, estão registradas. Por umas quantas centenas de anos foram escravos na Valáquia e na Moldávia (ambas fazem hoje parte da Roménia) e só foram libertados em 1856. Embora a forma como eram tratados na Europa Oriental fosse abominável, durante esse mesmo período na Europa Ocidental, o açoite, a marca e, em alguns casos, o enforcamento de ciganos era incentivado. Calcula-se que possivelmente um milhão foi assassinado no holocausto.

Por centenas de anos, os ciganos viveram de acordo com as tradições que os mantêm separados dos gadjé (em Portugal a expressão é lacorilho) praticando rituais e obedecendo a leis que mantêm “os leais dentro e os impuros fora”. Estas noções manifestam-se em complexos rituais de lavagem, ao limpar a casa e ao tomar banho. E ao contrário do mito de que as ciganas são “mulheres soltas”, existem regras muito rígidas quanto ao pudor e à castidade. Hoje, os ciganos tradicionais continuam a ter seus próprios tribunais, onde disputas de todos os tipos são resolvidas, e a punição final nesses tribunais é ser marcado como marimé (ou impuro) e expulso da comunidade.

Nós, os gadjé, ficamos assim como observadores exteriores a toda esta cultura. Escolhi aqui e ali algumas músicas que não são ciganas, mas que falam da condição pela perspectiva desfocada e por vezes “romantizada” de quem está fora destes círculos. Mulheres ciganas são a primária invocação: Brian Hyland com Gypsy Woman, música escrita por Curtis Mayfield mas da qual reservo a versão original gravada em 1961 pelos Impressions para os próximos Restos de Colecção. Ou Mija numa versão de Gypsy Woman (She’s Homeless), original de Crystal Waters e Neal Conway. Incluo ainda o belíssimo Enchantement d’un Soir d’Été cantado por André Dassary na opereta Chanson Gitane gravada em 1959 com partitura de Maurice Yvain.

Daí até à Dalida a cantar Aghani, Aghani vai um pulo que de tão pequenino é quase invisível. O encanto que confunde o canto árabe com o canto cigano é totalmente fundamentado pela minha vontade de aqui ter incluído Barish, gravado em 2005 pelos Musafir, uma reunião de músicos que habitam o deserto de Thar no noroeste do Rajastão. Liderados por Hameed Khan, um tocador de tabla que assim deu vida a uma música sensual e sagrada que combina ritmos elaborados, o electrizante canto muçulmano qawwali, os raga do norte da Índia assim como as canções apaixonadas e as danças devocionais dos primórdios da cultura cigana. Em 1997 gravavam um primeiro disco aptamente intitulado Gypsies Of Rajasthan.

Tudo isto dá razão também às palavras do nosso Ricardo Ribeiro de quem escolhi o tema Depois de Ti que abre o seu disco Respeitosa Mente editado em 2019 pela Warner: “Gostaria muito de ser cigano. Teria ainda mais liberdade. Tenho uma relação muito próxima com os ciganos, sempre tive. O que teve influência: deu-me ritmo. Mas o meu canto é mais do Norte de África do que um canto cigano, que deriva de toda essa influência. Se ouvires cantores do Norte da Índia, dizes que é um cigano cantando. Ou do Magrebe – Marrocos, Líbia, Síria, Argélia –, vais dizer que é um canto cigano. Não é bem. Sou mais influenciado por essa parte, mas é natural que encontres traços. Isso deixa-me muito honrado.”

Por isto tudo acabei por escolher referências um pouco de de todo o lado. Do Japão Sugishi Hi Wo Mitsumete dos Gypsy Blood e o desaparecido Nujabes com Summer Gypsy. Dos EUA ainda o guitarrista jazz de fusão nascido no Paquistão, Rez Abbazi com Hungaria, enquanto Bernhard Schimpelsberger, um percussionista Austríaco apresenta um Del Canto Gitano, faixa que dá nome a disco deste ano e que reune antigas composições andalusas. Logicamente (e diga o que Babik quiser dizer) de Espanha vêm muitos bons ventos esta semana: Dolores Vargas, conhecida como “La Terremoto” com ¡A La Pelota!; os Reto Gitano com Tú Me Gusta Más y Más e Toni El Gitano com Dolores, tudo compilado pela Hundergrum Records há dez anos no disco Acid Rumba (Spanish Gypsy Grooves 1969-1976).

Que se note que apesar de se depreender uma certa animosidade perante o conceito dos Gypsy Kings não posso deixar em claro a inclusão de Gitan Poète, faixa que abre o homónimo disco gravado em 1977 por José Reyes. Após a separação do famoso Manitas de Plata, José Reyes (1928-1979) formou uma banda cigana com quatro dos seus filhos e Chico Bouchikhi (este último de ascendência marroquina e argelina). Após a morte de José Reyes, Chico, dois dos irmãos Reyes (Nicolas e André) e três de seus primos, os irmãos Baliardo (Tonino, Diego e Paco), formaram os originais “Reis Ciganos”. 

Historicamente nómadas o povo Romani, agora já mais estabelecido por onde foi montando acampamento, criou uma certa fama de serem grandes músicos. E o mais fantástico é como as grandes distâncias percorridas por este povo ao longo da História introduziram uma infinidade de influências para que possamos assim aperceber formas musicais bizantinas, gregas, árabes, indianas, persas, turcas, eslavas, romenas, alemãs, holandesas, francesas, espanholas e até mesmo judaicas.

Uma música plena de ornamento, com utilização pela parte dos solistas de únicas e características luftpause que quase parecem saídas do libretto do jazz. A chamada “escala cigana” raramente é usada na música que aqui apresento apesar de ser muito usada na música erudita. É uma escala harmónica menor, conhecida como a escala húngara, muito usada por compositores como Kodály, Liszt e Brahms, todos eles nitidamente inspirados pelas sonoridades da tradição cigana.

E é por isso que volto e re-volto aos Bálcãs, comfort zone da música manuche. Enraizado nas tradições musicais dessa região, a dupla Faith i Branko é composta pela acordeonista e artista de circo sérvia-britânica Faith e pelo maestro e violinista cigano sérvio Branko, aqui juntos no formidável Bumbar, em que o vernáculo do violino vai do contemporâneo ao clássico num “galope” deslumbrante. Mais brilho e desbunda instrumental abunda no frenético Gipsy Fantasy dos Romano Drom conforme vou sendo tentado ao avanço na aceleração.

Por outro lado o Shukar Collective é projecto que nasceu na Roménia do encontro de uma nova geração de músicos da electrónica com as tradições ciganas dos fundadores do colectivo, Napoleon, Tamango e Clasic. Tocam música ursari (ursar significa domador de ursos) usando colheres, barris de madeira ou darabouka (um tambor proveniente do Egipto). Deles escolhi Bar Boot, uma combinação de música ursari e tecnologia em que o resultando final é sem dúvida um bem distinto híbrido sonoro. Ou o Duo Kolpakov que tendo feito parte da tournée Sticky & Sweet com que Madonna promoveu o disco Hard Candy, é formado pelo lendário guitarrista russo Alexander (Sasha) Kolpakov e o seu sobrinho e protégé Vadim Kolpakov no som distinto da guitarra russa de sete cordas, uma assombrosa e bela Grushen’ka ilustra a verdadeira arte do estilo da guitarra cigana russa.

A música clássica e os estilos folclóricos regionais há muito que estão intimamente associados à música húngara através de compositores como Bartók e Liszt, que ficaram cativados pela sua beleza e perceberam o seu significado cultural. Bela Lakatos & The Gypsy Youth Project continuam a tradição de guardiões das canções folclóricas ciganas rurais tradicionais da Hungria, sendo O Bijav uma versão de um grande clássico dos casamentos Roma.

Enfim, 40 canções escolhidas em homenagem a esta cultura milenar ligada umbilicalmente à mais lata evasão geográfica dos “filhos da estrada e do vento”. Uma posição social que decerto incute inveja ao gadjé mais empedernido. Espero que seja só mais uma razão para um glorioso fim de semana.

#staysafe #musicfortheweekend

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We’re back. The decision to change and shuffle some of the allotted dates for these upcoming M4wes was so that this first one could coincide with the weekend when the Leffest festival begins because it contains a whole sub-program of films, debates and concerts celebrating the Roma and their culture across Europe.

This selection had already been conceptualised and thought out from the moment I discovered the fascinating presence of Portuguese gypsies on the Tik Tok platform. Seek this out, you won’t regret it. After that there was a night on Netflix when I saw the film À Bras Ouverts by Philippe de Chauveron, which may not serve much in the serious dialogue about immigration that needs to take place in France, but where there is a scene in which Ary Abittan, who in the film plays the role of Babik, when compared to a gypsy he asserts with conviction that he is Rom, “gypsy wears shiny shirt and thinks with castanets”…

All this, a mixture of starting point from the title (in the style of Roger Corman) with the assertive certainty that gypsy music is really not what the Gypsy Kings play. A playlist with suggestions of music from the Balkans but also with fado and flamenco, Gipsy With A Song in a “frenchy gypsy jazz” by Django Reinhardt or the Lower East Side folk-punk of Gogol Bordello, chosen here with My Companjera.

From the study of linguistics we know that Gypsies were originally from north-central India. Their migration is estimated to have started around 300 BC, when they moved to northwest India, from there they moved to Persia where they arrived “just before AD 100” and from there to Europe.

Reasons for the original migration are pure conjecture. But the discrimination, on the other hand, is a registered fact. For a few hundred years they were slaves in Wallachia and Moldova (both are now part of Romania) and were only freed in 1856. Although the way they were treated in Eastern Europe was abhorrent, during that same period in the Western side, whipping , branding and, in some cases, hanging of Gypsies was encouraged. It is estimated that around a million were murdered in the holocaust.

For hundreds of years, Gypsies have lived according to traditions that keep them apart from the gadjé, practicing rituals and obeying laws that keep “the loyal in and the impure out”. These notions manifest in complex washing rituals, of cleaning the house and taking a shower. And contrary to the myth that Gypsies are “loose women”, there are very strict rules about modesty and chastity. Today, traditional Gypsies continue to have their own courts, where all kind of disputes are resolved and punishment is to be branded as marimé or impure and expelled from the community.

We, the gadjé, are thus observing outsiders of this culture. Here and there I chose some songs that are not at all gypsy, but that speak of the condition from the blurred and sometimes “romanticized” perspective of those outside these circles. Gypsy women are the primary invocation: Brian Hyland with Gypsy Woman, a song written by Curtis Mayfield but of which I reserve the original version recorded in 1961 by The Impressions for the next Restos de Colecção. Or Mija in a version of Gypsy Woman (She’s Homeless), originally by Crystal Waters. I also include the beautiful Enchantement d’un Soir d’Été sung by André Dassary in the Chanson Gitane operetta recorded in 1959 with a score by Maurice Yvain.

From there to Dalida singing Aghani, Aghani it’s a leap so small that’s almost invisible. The charm of confusing Arabic singing with Gypsy singing is fully supported by my desire to include Barish, recorded in 2005 by Musafir, a gathering of musicians who inhabit the Thar Desert in northwestern Rajasthan. Led by Hameed Khan, a tabla player who has thus brought to life a sensual and sacred music that combines elaborate rhythms, the electrifying Muslim qawwali chant, the ragas of North India as well as the passionate songs and devotional dances of early Gypsy culture. In 1997 they recorded their first album aptly titled Gypsies Of Rajasthan.

All of this also lends reason to the words of our own Ricardo Ribeiro, from whom I selected the song Depois de Ti, opener on his Respeitosa Mente published in 2019 by Warner: “I would love to be a gypsy. I would have even more freedom. I have a very close relationship with gypsies, I always have. Which had some influence: it gave me rhythm. But my singing is more North African than a gypsy, deriving from all those influences. If you listen to singers from North India, you might say it’s gypsy singing. Or from the Maghreb – Morocco, Libya, Syria, Algeria –, you will say that it is a gypsy song. Not quite. I’m more influenced by that part, but it’s natural for you to find traces. And that makes me very proud.”

That’s why I ended up choosing references from everywhere. From Japan Sugishi Hi Wo Mitsumete by Gypsy Blood and the dearly missed Nujabes with Summer Gypsy. From the US, Pakistan-born fusion jazz guitarist Rez Abbazi with Hungaria, while Bernhard Schimpelsberger, an Austrian percussionist, presents a Del Canto Gitano, a track that gives name to a 2021 album that collects old Andalusian compositions. Of course (no matter what Babik might say) there are a lot of good winds coming from Spain this week: Dolores Vargas, known as “La Terremoto” with ¡A La Pelota!; Reto Gitano with Tú Me Gusta Más y Más and Toni El Gitano with Dolores, all compiled by Hundergrum Records ten years ago on the album Acid Rumba (Spanish Gypsy Grooves 1969-1976).

It should be noted that despite a certain disdain towards the music made by the Gypsy Kings, I have to signal the inclusion of Gitan Poète, opening track of the eponymous album recorded in 1977 by José Reyes. After separating from the famous Manitas de Plata, José Reyes (1928-1979) formed a gypsy band with four of his children and Chico Bouchikhi (the latter of Moroccan and Algerian descent). After the death of José Reyes, Chico, two of the Reyes brothers (Nicolas and André) and three of his cousins, the Baliardo brothers (Tonino, Diego and Paco), formed the original “Kings”.

Historically nomadic, the Romani people, now more established where they set up camp, created a certain reputation for being great musicians. And the most fantastic thing is how the great distances traveled by these people throughout history have introduced a multitude of influences so that we can understand musical forms that sound byzantine, greek, arabic, indian, persian, turkish, slavic, romanian, german, dutch, french, spanish and even Jewish.

Songs full of ornament, with the soloists using unique and characteristic luftpause that almost seem straight out of the jazz libretto. The so-called “gypsy scale” is rarely used in the music I present here, despite being used a lot in classical music. It’s an harmonic minor scale, known as the Hungarian scale, widely used by composers such as Kodály, Liszt and Brahms, all of whom were clearly inspired by the sounds of Gypsy tradition.

And that’s why I go back and back to the Balkans, comfort zone of Manuche music. Rooted in the musical traditions of the Balkans, the duo Faith i Branko is composed of the Serbian-British accordionist and circus artist Faith and the Serbian Gypsy conductor and violinist Branko, here together in a formidable Bumbar, where the vernacular of the violin goes from contemporary to classical in a dazzling “gallop”. More sparkle and instrumental chops abound in Romano Drom’s frantic Gipsy Fantasy as I’m tempted to ramp up the throttle.

On the other hand, Shukar Collective is a project that was born in Romania from the meeting of a new generation of electronica musicians with the gypsy traditions of the founders of the collective, Napoleon, Tamango and Clasic. They play ursari music (ursar means bear tamer) using spoons, wooden barrels or darabouka (a drum from Egypt). From them I chose Bar Boot, a combination of ursari music and technology in which the final result is without a doubt a very distinct sound hybrid. Or the Duo Kolpakov, having been part of Madonna’s Sticky & Sweet tour and formed by legendary Russian guitarist Alexander (Sasha) Kolpakov and his nephew and protégé Vadim Kolpakov on the distinctive sound of the Russian seven-string guitar, this haunting and beautiful Grushen’ka illustrates the true art of Russian gypsy guitar style.

Classical music and regional folk styles have long been closely associated with Hungarian music through composers such as Bartók and Liszt, who were captivated by its beauty and realized its cultural significance. Bela Lakatos & The Gypsy Youth Project continue the tradition as guardians of traditional rural Hungarian Gypsy folk songs with O Bijav, a take on a grand classic of Roma weddings.

So here we stand, 40 songs chosen to celebrate a millenary culture umbilically linked in the broadest sense to the geographic evasion of these “children of the road and the wind”. A social position certainly envied even by the most hardened gadjé. I hope all this to be just one more good reason for a glorious weekend.

#staysafe #musicfortheweekend

Flamenco Group – Andalucia

Emir Kusturica and the No Smoking Orchestra – Comandante

Miguel de Molina – El Testamento Gitano

Bela Lakatos & The Gypsy Youth Project – O Bijav

Ricardo Ribeiro – Depois de Ti

Jitka Zelenková & The Gondolán Brothers – Já Nechci Mít

Faith i Branko – Bumbar

Serge Stroganoff Et Son Grand Orchestre – Chiokerly

Morena y Clara – Dejé de Quererte

Mija – Gypsy Woman (She’s Homeless)

Bernhard Schimpelsberger – Del Canto Gitano

Brian Hyland – Gypsy Woman

Opus 4 – T’aven bartale

Nujabes – Summer Gypsy

André Dassary – Enchantement d’un Soir d’Été

Reto Gitano – Tú Me Gusta Más y Más

James Walsh Gypsy Band – Cuz It’s You Girl (Trustus Edit)

Rodrigo y Gabriela – Oblivion (feat. Vicente Amigo)

DeVotchKa – Life Is Short

Romano Drom – Gipsy Fantasy

Dobranotch – Bayatilar (Zuma Dionys & Dibidabo Remix)

Django Reinhardt – Gipsy With A Song

Gypsy Blood – Sugishi Hi Wo Mitsumete

Kolpakov Duo – Grushen’ka

Rumba Brava – Rumba, Rumba

Mahala Rai Banda – Mahalageasca (Felix B Jazzhouse Dub)

Dalida – Aghani, Aghani ‘Gitano Gitano’ (Remix)

Gogol Bordello – My Companjera

The Bas Lexter Ensample – Gipsy

Toni El Gitano – Dolores

Ateshkhan Yuseinov – Atesh’s Balkan Flamenco

Musafir – Barish

Cuadro Gitano La Coja feat. Concha Maya – Fandangos del Albaicín

Rez Abbasi – Hungaria

Eddie Daniels – Cigana

Dolores Vargas “La Terremoto” – ¡A La Pelota!

Shukar Collective – Bar Boot

Roger Roger – Danse Gitane

José E Los Reyes ‎– Gitan Poète

Hot Club Of Valletta – Late Night Waltz

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